top of page
Buscar
  • Foto do escritorPaulo Bandeira

Correr pra quê?

É sobre o tempo e os relacionamentos. Geralmente, sobre a percepção atual de perdê-lo. Na infância, a pressão por "aproveitar" o tempo. A agenda é organizada pelos adultos: conhecimento por hora. Adolescentes vivem em descompasso com seus pais. Seus genitores estão "fora" do tempo, desatualizados. A vida adulta chega...chega? Adulto aos 40? Um tempo que não chega, não amadurece, já que extensão da infância. Tempo imóvel. A velha máxima: vamos viver como se "não houvesse amanhã". Deixemos as pausas e seguimos à vida adulta. Vem aí o palco para os relacionamentos. Namorou, noivou e casou numa ordem massacrante e obsoleta. Inclusive, quando pensamos em "relacionamento", podemos incluir o cerimonial social, mas não uma definição linear do tempo. Isto está associado ao fato de: quanto mais tempo "mantemos" um relacionamento, somos mais bem sucedidos. Pensem bem nos vários campos sociais que adotam este parâmetro. São 20 anos de casamento, 5 anos de namoro, 15 anos de empresa. Só não aplicamos esta lógica para os 40 anos de "acampamento" na casa dos pais. Aqui fui duro! Infantilização da vida adulta, adultilizacão da infância. Protegidos das "castrações" na infância, os adultos prolongam, na maturidade, o despreparo para enfrentar as frustrações. Não aceitam perder. É o que vemos na passionalidade, ou violência reativa pelo fim dos relações. Sem contar a expectativa associada à confiança dos relacionamentos perpétuos. E quantos menos fins, términos, mais a percepção social positiva e os "tapas nas costas" de parabéns pelo feito: feliz bodas! Pensemos no papel social dos pais na promoção/preparação para os fins. Não há garantias para o enfrentamento da vida adulta, mas a apresentação dos "fins" na infância já aponta para uma condição existencial marcada por mais perdas do que ganhos. Saber encerrar também é um valor, logo pode ser ensinado. Escolher implica em perdas e abster-se esconde, deteriora nossos enfrentamentos. Não tranque-mo-nos nos quartos da vida.


Paulo Bandeira



2 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo

Comments


bottom of page