Existem critérios para as escolhas amorosas? As escolhas amorosas são escolhas? Podemos considerar que existem alguns fundamentos para os envolvimentos amorosos. O mais comum é o fundamento do “dedo podre”. Este termo significa que há um universo de pessoas e, dentre estes inúmeros, escolhemos justamente aquele companheiro que “não presta”. Outros fundamentam as escolhas na igualdade, correspondência, do que somos e encontramos nos futuros parceiros. Escolhemos alguém pelas afinidades que encontramos no outro. No cardápio, podemos identificar nossos pretendentes também por padrões de repetições. Repete-se as faltas que não foram preenchidas desde a infância e procuramos nos parceiros. Repete-se a busca incansável de algo que não existiu em nossa estória, mas o desejo impõe a necessidade de encontrar a falta da falta. É muito comum mulheres justificarem que os relacionamentos são escolhidos pela semelhança dos parceiros com o pai. Outras identificam que os parceiros “aparecem” em suas vidas porque há uma semelhança entre os critérios de escolha e comportamento da mãe. Visto assim, a mãe a ensinou a amar aquelas características no outro, além repetir os comportamentos para a “manutenção” das relações. Homens, por outro lado, justificam a seleção de suas parceiras, mesmo que inconscientemente, pelo cuidados e zelo para com eles. Frases do tipo: “ela é uma mulher fantástica, boa mãe, cuidadosa e preocupa-se comigo”. Ele quer uma mãe, ou um relacionamento amoroso? O cardápio é vasto, mas, independente dos fundamentos da escolha, saiba há um preço que se paga para bancar nossos desejos. Por mais inconscientes que sejam, nossas relações amorosas podem ser invadidas também pela mágica da “aleatoriedade”. Envolver-se com alguém pode ser um lugar sem lugar. É da surpresa que faz nascer muitas vezes, sem grandes questões, nossos encontros. Afinal, o que seria o amor se precisássemos de fundamentá-lo?
Paulo Bandeira
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