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  • Foto do escritorPaulo Bandeira

Escutas e “escutas”


Por mais que o senso comum considere que a escuta psicanalítica seja semelhante à escuta de um amigo, ou parente, vale ponderar alguns pontos. Alguém que resolve nos escutar, seja para desabafar sobre nossos problemas, seja para oferecer conselhos, sempre seleciona o que considera banal e investe no que considera essencial. Pois bem, já pensou em ter alguém que pode te escutar de maneira totalmente neutra e te oferecer os conselhos mais diversos? Pois é, essa pessoa não é um Psicanalista. Talvez este seja um ideal de expectador que apresente característica imaginadas por nós. Podemos entender, mediante os dois tipos de escutas apresentadas, que o requisito de um Psicanalista dar-se na capacidade de ouvi, promovendo o extraordinário em cada fala. A curiosidade e vontade de escutar é o que provoca a necessidade de troca, digo “transferência” no jargão freudiano, mediante o critério do depósito de confiança do analisando. A escuta do psicanalista nunca é neutra, já que o persegue a possibilidade de contratransferência. De outro modo, a necessidade aconselhamento derruba qualquer método psicanalítico fundado ressignificação do próprio paciente. Quem nunca escutou: “Para falar dos meus problemas, eu pago o analista”. É desconcertante para quem procura a escuta do analista tomando este pressuposto e, mais impressionante, é o analista que deixa claro que o setting é local para o desabafo. A originalidade da história da vida particular é condição para uma escuta apurada do analista, já que as quatro paredes do consultório não fundamentam o percurso da relação com o paciente. Assim a ação do analista é “peripatética”, ou seja está a todo instante presentificado por vários instrumentos, seja aqui, por meio da escuta detalhada de acesso ao outro nas mínimas ações carregadas de intencionalidade.


Paulo Bandeira




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